Efeitos da tarifação das exportações brasileiras de rochas ornamentais para os EUA

 

Belo Horizonte, 01 de agosto de 2025

Geólogo Cid Chiodi Filho ABIROCHAS

 

As exportações brasileiras de rochas ornamentais totalizaram US$ 1,26 bilhão e 2,1 milhões de toneladas em 2024, com incremento de respectivamente 12,9% e 12,7% frente a 2023. O desempenho dessas exportações continuou sendo fortemente condicionado pelo mercado dos EUA, que respondeu por 56,6% (US$ 711 milhões) do faturamento registrado em 2024. O Brasil permaneceu assim como o principal fornecedor de rochas para os EUA, posição que ocupa há duas décadas.

Já no primeiro semestre de 2025 as exportações brasileiras de rochas somaram US$ 739 milhões, com variação positiva de 23,8% frente ao mesmo período de 2024. As vendas para os EUA totalizaram US$ 426 milhões e representaram 57,6% do faturamento desse primeiro semestre.

O bom desempenho brasileiro em 2024 e o excepcional desempenho do primeiro semestre de 2025 foram sobretudo atrelados à antecipação de compras pelos EUA, frente ao temor de uma possível sobretaxação das exportações brasileiras para esse país. Tal desempenho foi também atrelado às exportações para a China, que registraram resultados expressivos tanto em volume físico quanto em faturamento.

A sobretaxação pelos EUA foi realmente definida no mês de julho e sua aplicação anunciada para o dia 1º de agosto. O índice estabelecido, de 50%, foi muito superior a qualquer expectativa razoável.

Atendendo mais aos interesses dos EUA, cerca de 30-40% dos produtos de exportação brasileiros foram excluídos da nova tarifação. No setor de rochas ficaram isentos apenas os produtos exportados pelo HTS 6802.99.00, utilizado sobretudo para chapas de quartzitos maciços.

No primeiro semestre de 2025, a propósito, essas exportações de chapas de quartzitos maciços, para os EUA, somaram US$ 280 milhões, correspondentes a 65,7% do total de rochas exportado pelo Brasil para esse país. Persistindo apenas essa isenção, muitos outros segmentos produtores e exportadores brasileiros de rochas ornamentais serão profundamente prejudicados e ficarão fortemente comprometidos.

Grande parte das vantagens competitivas proporcionadas pela excepcional geodiversidade brasileira será perdida, afetando principalmente atividades produtivas em regiões de menor IDH (HDI), bem como realmente exercidas por micro e pequenas empresas.

 

 

Forte correlação das exportações de rochas para os EUA com as exportações brasileiras totais de rochas ornamentais. Com chapas, o Brasil é o principal fornecedor mundial de rochas processadas para os EUA. No período 2015-2024, as importações dos EUA perderam quase 10% de sua participação nas exportações brasileiras, passando de 65,5% para 56,6%.

 

 

Exportações Brasileiras de Rochas Naturais, por NCM - 2024